Caso me perguntem, direi: Amor é comparação.
Alguns diriam que Amor é sentir. Único e inconfundível, não há como chamar Amor algo que não o é, assim como não é possível não ter certeza sobre o Amor. Se ama, sabe-se que ama.
Mas, ainda que por muito tenha dado crédito a essa ideia, hoje vejo-a falha. Por isso concordo que Amor é comparação. Não se ama a alguém: se ama a alguém mais do que a outro. O Amor é então, não um sentimento inerente e universal, mas sim o maior afeto que se venha a sentir. É flutuante, temporal e pessoal, baseando-se tão somente em outras experiências afetivas para se justificar.
Haverá aqueles que dirão que só assim pensa aqueles que nunca puderam sentir o Amor idealizado em que acreditam, mas tal argumento somente prova que o Amor é sentido diferentemente em cada pessoa, baseado em seus afetos. Acreditam por comodidade e para a realização de um ideal que o Amor que sentem é puro e fruto do relacionamento em vigência. Mas se enganam, pois somente podem estar certos de ser Amor se houver algo que não o fora ou não mais o é. A invalidade da justificativa na qual se baseia esse Amor não exclui contudo a validade do sentimento.
A ideia de que o Amor é baseado em comparações pode levar alguns a desacreditar na relevância desse sentimento, afinal de contas, quão a sério deve-se levar algo que é tão facilmente desconstruído? O argumento é válido, mas suas premissas não, pois não levam em conta a dificuldade de um afeto em suplantar o status de Amor de outro. Ainda que nos primeiros relacionamentos essas mudanças sejam frequentes devido ao desconhecimento e ao pequeno número de experiências para comparação, com o tempo a superioridade de um afeto em relação a outros se torna cada vez mais sólida e perene. Assim, em algum ponto, há de haver um Amor tão incomensuravelmente superior a qualquer outro que deve ser considerado o real Amor e nenhum outro afeto conseguirá substituí-lo. Nesse ponto, um crítico poderá afirmar que a semelhança com a ideia de um Amor latente, esperando para ser sentido, é grande e, assim, o argumento contraditório. Contudo, o real Amor não é previamente conhecido e não é igualmente sentido por ninguém, pois baseia-se em experiências afetivas pessoais e casuais, então não há uma predição acerca desse sentimento.
Por fim, acredito ser essa teoria muito mais real e útil na definição de Amor, especialmente por não o definir. Ele é único para cada pessoa e não pode ser descrito com nenhum adjetivo além de maior e menor. O Amor não é senão comparação.